A Ace foi fundada em 21 de setembro de 2007. Mesmo nos primeiros passos desta infância já conquistou estas vitórias:


-Concurso Literário Eduardo Campos de Crônicas e Contos, com a participação de 120 autores e entrega do prêmio para os vinte autores com os melhores textos literários.

-Edição do livro Antologia de Contos e Crônicas Eduardo Campos, do referido concurso.

-Lançamento e distribuição do jornal FormAção Literária e do folheto didático Novo Acordo Ortográfico

-Instalação da sede da Ace no Sigrace, para funcionamento da secretária executiva, e auditório climatizado.

-Criação do site www.escritores ace.com.br, com a loja virtual do escritor.

-Participação na 9ª Bienal Internacional do Livro,

-Nomeação de dois associados para o Conselho Estadual de Cultura (CE) e participação efetiva nos Fóruns de Cultura Cearense, entre eles o Flec.

-Implantação da campanha Seus cupons velem livros, com o objetivo de divulgar a literatura cearense através dos escritores da Ace.

-Criação da Coordenação Literária, da Assessoria Literária para os escritores cearenses.

-Criação da Diretoria de Artes Cênicas e do Concurso Literário Rachel de Queiroz de Conto e Poesia.

-No último sábado do mês realizamos um evento cultural- palestra, lançamento de livro, sorteio de livros.


DIRETORIA DA ACE PARA 2012/2013

Presidente de Honra: Haroldo Felinto

Presidente Emérito: Francisco de Assis Almeida Filho

Presidente: Francisco de Assis Clementino Ferreira- Tizim

Vice-presidente: Linda Lemos

1º Vice-presidente: Francisco Bernivaldo Carneiro

1º Secretária: Sonia Nogueira

2º Secretário: Gilson Pontes

1º Tesoureiro: Antônio Paiva Rodrigues

2º Tesoureiro: Abmael Ferreira Martins

Diretor de Eventos: Silas Falcão

Diretores adjuntos de eventos: Eudismar Mendes, Romenik Queiroz, Lúcia Marques, Francisco Diniz, Márcia Lio Magalhães.

Diretor de Artes Cênicas: Aiace Mota

Diretor cultural: Cândido B. C. Neto

Diretora cultural adjunta: Fátima Lemos

Cerimonialista: Nicodemos Napoleão

Coordenador de Literatura: Lucarocas

Coordenador adjunto de Literatura: Ednardo Gadelha, Carlos Roberto Vazconcelos e Ana Neo.

Secretaria de Comunicação e Divulgaçã: José Onofre Lourenço Alves

Secretário Adjuntos: Geraldo Amâncio Pereira, Fernando Paixão, Pedro Cadeira de Araújo


Conselho Consultivo

Presidente: Francisco Muniz Taboza

Vice-presidente: Domingos Pascoal de Melo

1º vice presidente: Elson Damasceno.

Membros Efetivos: D. Edmilson Cruz, Juarez Leitão, Ubiratan Diniz Aguiar, José Moacir Gadelha de Lima, José Rodrigues, João Bosco Barbosa Martins, Pe. Raimundo Frota.

Conselho Fiscal

Presidente: Affonso Taboza

Membros Efetivos: Jeovar Mendes, Rejane Costa Barros, Girão Damasceno, Cícero Modesto.

28 de janeiro de 2010

Mercado São Sebastião

Carlos Roberto VaZconcelos

Ando no mercado
e a poesia que não escrevo
adormece nos meus olhos.

As paredes vencem as gerações.
O mesmíssimo solo resiste impregnado
de crônicas.

Não há literatura no mercado.
É arena.
Em seus labirintos
correm sangues de todas
as cores.

Descansar é morrer.
Não existe o sétimo dia.
Todos são atores
na lona furada
do revés.

O dia no mercado
não admite rima troncha.
É muscular.

Dionísio vence Apolo.
Sou estrangeiro no mercado,
um ser menor.

Coração, cerebelo e fígado
não definem o estar no mundo.

Mercado é bíceps.

Lá, descansar é morrer.


Volante amassado

Silas Falcão

Imagine você encontrar um livro da sua predileção numa cesta de lixo
Imagine você ver sua poesia premiada, ser rasgada sob seus olhos
Imagine você assistindo a destruição assassina de uma biblioteca de livros raros
Imagine você presenciando o assassinato brutal de quem você ama
Imagine você sem liberdade
Imagine você sendo proibido de sonhar
Imagine você sem o direito de participar
Imagine você sem sua respiração
Imagine você excluído do abraço, das amizades
Imagine você sem você
Como você se sentiria?



Em 26/01/2010, na praça de alimentação do Center Um, onde se desenvolvia o lançamento do livro Retorno ao Big-Bang Microcósmico, de Denis Moura, contemplei a eternidade da tristeza insólita do Poeta de Meia Tigela observando, sobre a mesa de mármore fria e silenciosa, a imagem fúnebre do seu jornal V. O. L. A. N. T. E amassado como inutilidade que não o é.


Que mãos sem crenças poéticas foram as que cometeram aquele ato de desprezo à literatura? Ao empenho incansável dos seus idealizadores e colaboradores?


Infelizmente a insensiblidade humana repisa os mesmos passos por onde anda a sensibilidade, a poesia dos que fazem da literatura um estatuto da subjetividade para si e para os leitores.



26 de janeiro de 2010

ACE
Associação Cearense dos Escritores
e-mail: escritoresace@gmail.com
http://escritores-ace.blogspot.com/
Rua Princesa Isabel, 817- Centro- Fortaleza-Ce.
Cep: 60015-060 Tel: (85) 3214-25-39

FICHA DE INSCRIÇÃO
Inscrição nº

Nome do associado:

CPF:

Local de nascimento: Dia: Mês: Estado:

Endereço residencial:

Cidade: Bairro: Cep:

Fone:

E-mail:

Outros endereços eletrônicos:

Profissão:

Livros editados:




Como associado, comprometo-me a contribuir, todo dia 28 de cada mês, com a quantia de 15,00(quinze reais) para os projetos de desenvolvimento da Ace.

enviar a ficha de inscrição para escritoresace@gmail.com
O nº da inscrição é controle da Ace.

Fortaleza, / / 2010
Fidelidade
Eudismar Mendes

Há em cada ser humano comportamentos inerentes a sua personalidade. Questiona-se muito a fidelidade ou infidelidade humana. Não é fácil nos dias atuais aquilatarmos a fidelidade. Ela depende de valores morais. Estes são maioria das vezes, adquiridos no lar. Se a pessoa (homem ou mulher), for educada numa família bem estruturada, é possível que ela nunca traia. Contudo, a inversão de valores banaliza atitudes de respeito, de compromisso, às vezes até com o cônjuge.
A igreja já exerceu um papel muito importante na vida das pessoas com relação à educação moral. Mas hoje, creio que a religião não faz mais a grande diferença. A mídia aviltou os costumes morais, pois o que dá ibope são os apelos sexuais, as mortes escabrosas, o sangue sobre o asfalto, entre tantos outros assuntos apelativos e sem ética.
Mesmo assim, ainda existem pessoas fiéis. Mas até quando? Não dá para prever. As crianças e os jovens, hoje, vivem à deriva. Com a emancipação feminina, com os apelos supracitados, muitas mulheres confundem liberdade com libertinagem. E aí, sentem-se com os mesmos direitos dos homens. Resultado: traem, sem se dar conta, que em casa deixaram os filhos, a quem deveriam respeitar. Por outro lado esses filhos que foram criados sem limites, não têm nenhum compromisso com a moralidade. Usam máscaras na face que o momento proporciona. Eles seguem muitas vezes por caminhos tortuosos. E nessa caminhada maluca nos questionamos: será que ainda existe algo para mudarmos os valores atuais? Não creio que isso possa acontecer.
Trechos da entrevista da escritora Ana Miranda para a revista Para Mamíferos

Ana Maria Nóbrega Miranda nasceu em Fortaleza, Ceará, em 1951. Cedo foi residir em Brasília, depois no Rio de Janeiro e em São Paulo; recentemente retornou ao Ceará. Publicou os livros de poesias Anjos e Demônios (1978) e Celebração do Outro (1983). Como romancista, Boca do Inferno (1989), O Retrato do Rei (1991), Sem Pecado (1993), A Última Quimera (1995), Desmundo (1996), Amrik (1997) e Yuxin (2009); além de Noturnos (1999), de contos, e da novela Clarice (1999). Tem obras publicadas em diversos países, como Inglaterra, França, Estados Unidos, Alemanha e Itália. Recebeu o prêmio Jabuti em 1990 e, em 2003, Dias & Dias foi agraciado com os prêmios Jabuti e o da Academia Brasileira de Letras. Boca do Inferno foi incluído na lista dos cem melhores romances do século XX em língua portuguesa, publicada pelo jornal O Globo.

Desde o surgimento da primeira idéia de um livro até entregar para a editora, quais as fases pelas quais você passa? O processo é o mesmo para todos os livros ou se torna diferente para cada um?

AM- Os processos são diferentes, mas há algo em comum. As idéias de temas para livros normalmente surgem de distrações, quando deixo frestas entre minha consciência e os mundos secretos, como o mundo dos sonhos, por exemplo. As idéias surgem, e fico muito tempo, anos, ou décadas, trabalhando-as mentalmente, de forma consciente ou não, e vou juntando o material, livros que encontro em sebos ou livrarias, anotações... Quando termino um romance, sempre tenho a vontade de escrever um determinado livro, mas raramente a minha vontade é realizada, os livros se impõem, acho que a possibilidade de um livro meu ser escrito em certo momento depende de ele vir ao encontro das minhas necessidades interiores atuais, assim como eu encontrar uma chave de construção, como por exemplo, em Dias & Dias, que só foi possível quando concebi a idéia de Feliciana esperando no cais a chegada do navio que traria seu poeta amado, enquanto reconstrói sua vida e a de seu sonho. Então eu tenho a fase da idéia do tema, a fase do recolhimento do material, a fase de encontro da chave, a fase de elaboração da trama, a fase da experiência lingüística para descoberta da dicção, que é mais difícil e de onde nascem os personagens, a fase da escrita e a do acabamento.

Percebe-se que você tem uma preocupação permanente com a carpintaria literária. Quais as ferramentas de que você se vale, nesse processo?

AM- Sou consciente do processo, mesmo na flagrância da escrita, sei quase sempre por que, para que, vejo as cenas e os personagens com nitidez, minha imaginação é dominadora. Vejo bem as palavras, as construções que fiz, acho que o mais importante para um bom resultado é saber ler, precisamos saber ler o que escrevemos. O bom escritor é sempre um bom leitor. E ler a si mesmo é mais difícil. A estruturação do livro também é um processo que executo com muita consciência. Quando estou elaborando um livro percebo conexões e mais conexões, o livro se estende dentro da minha mente como uma infinita trama de elementos e significados, que vou bordando, ligando, cortando, retramando. Para construir a linguagem, que é a alma de meus livros, eu me valho de leituras. Para mim a fonte mais fascinante são os livros. Eu amo ficar em casa, lendo. Isso determina muitas coisas. As ferramentas? Paciência, dedicação e paixão pelo trabalho. Sem paixão, eu não daria conta, é demasiado para mim.

Diante de acontecimentos delirantes que beiram a ficção e que nos são mostrados na atualidade, qual a importância do escritor? Além da auto-satisfação, o que a leva a escrever, já que vivemos num país de poucos leitores?

AM- Acho que é de Mário Quintana a frase que diz que os livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas, os livros só mudam as pessoas. Depois de ler um livro, a pessoa não é mais a mesma. Dessa forma, os escritores ainda têm influência na formação pessoal e social de um povo. Mas a missão mais importante do escritor de literatura é a transformação da língua em registro, o trabalho de arte com a palavra, e a busca da transcendência de nossa língua. O escritor registra a vida da língua, suas transformações, mantém seu estado de elevada espiritualidade, a literatura trabalha o Verbo, o principio de tudo.

Você é referência para as novas gerações da literatura. Como se sente com essa responsabilidade?

AM- Bem, graças a Deus não sou a única referência, mas toda a minha geração é referência para os da nova geração, é normal que seja assim, como os de gerações anteriores foram referências para mim. Espero que os jovens aprendam comigo que cada um deve ser fiel a si mesmo, e ter coragem de ser ele mesmo, e se guiar apenas e simplesmente pelas indicações interiores, da própria alma, das próprias necessidades interiores. E que amem a palavra.


BANG BANG

A literatura ajuda ou atrapalha a vida?
AM- Ambos.

O êxito foi difícil?
AM- É tão difícil vencer quanto fracassar.

Primeiro livro que comprou
AM- Com meu dinheiro, acho que foi Maiakovski

Um livro que influenciou sua escrita
AM- O grande livro da humanidade.

O livro que gostaria de ter escrito
AM- Odisséia.
O livro que se arrepende de ter escrito
AM- Não me arrependo de ter escrito, mas de ter publicado Sem pecado, meus livros de poesia, Noturnos... e os infantis. O ideal teria sido manter um rosto mais condensado.

Sua ultima descoberta
AM- O Ceará.

25 de janeiro de 2010

Espaço Cultural Templo da Poesia


Chá com Poesia agora de 15 em 15 dias!
Você está convidado(a) a comparecer nesse sábado, dia 23, às 17 horas, ao Espaço Cultural Templo da Poesia, rua Barão de Aratanha, 201, (Centro) esquina com Metom de Alencar.
O Chá com Poesia, realizado sempre no 1º e 3º SÁBADO de cada mês, das 17 às 19h, é um evento poético e musical aberto a população, com chá, lanche fraterno, bate-papo e literatura. O lanche é sempre compartilhado, tanto quanto a poesia. Porisso solicitamos aos convidados, se possível, levarem alimento saudável e um poema para compartilhar.
Curso de Escrita Criativa no TEMPLO DA POESIA
Embora haja quem argumente que a arte de escrever é um dom ou um talento, e como tal não pode ser ensinado, consideramos que é possível partilhar técnicas e motivações que ajudem as pessoas a ter acesso à sua própria criatividade. Escrever é um processo de descoberta e redescoberta, de transformação da realidade, de motivação do seu eu interior.
A literatura contribui para a formação humanística e intelectual das pessoas, por ser um recurso pedagógico, sociológico e político fundamental, em todos os tempos.

Nosso objetivo primordial é motivar a escrita, usando a metodologia de instigar a imaginação e a criatividade dos(as) participantes, de acordo com a sua própria expressão, sua cultura, suas emoções e sentimentos. Esperamos que após esta oficina de Escrita Criativa você pratique este exercício por toda a vida.
Local
Espaço Cultural Templo da Poesia Data/hora – de 26 a 29 de janeiro, das 16 às 18 h.
Facilitadora: Nilze Costa e Silva – escritora e especialista em Teoria da Literatura
Investimento: R$ 50,00 (incluindo o material didático)
Inscrições pelo telefone 86438887 ou 3241.02.01 ou no local. VAGAS LIMITADAS
Programação da oficina:
Apresentação e integração dos(as) participantes)
A Percepção e a Palavra
O que é Literatura?
Linguagem Literária X Linguagem não literária
Escritores da Liberdade
Regras básicas para produzir um bom texto literário
Funções da Literatura
Recursos Estilísticos da Linguagem Literária
Rodas de Leitura e Análise de textos
Estrutura do discurso literário
Pequenas regras do nosso idioma
Coerência textual
Finalização:
Roda de conversa
O prazer da leitura
Novos hábitos e nova maneira de ser e pensar
CONFRATERNIZAÇÃO

BAZAR DAS LETRAS ENTREVISTA CLÁUDIO PORTELLA

CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIÁ-LA.


Minha vida

Marcos Silva


Aqui está minha vida - esta areia tão clara com desenhos de andar dedicados ao vento.
Aqui está minha voz - esta concha vazia, sombra de som curtindo o seu próprio lamento.
Aqui está minha dor - este coral quebrado, sobrevivendo ao seu patético momento.
Aqui está minha herança - este mar solitário, que de um lado era amor e, do outro, esquecimento.

À Associação Cearense dos Escritores

As coisas que são agradaveis a Deus tendem a prosperar. Vejam os exemplos adâmicos de Caim e Abel. Este, pastor, pessoa meiga, equilibrada, inspirado, via seu rebanho de ovelhas crescer em quantidade cada vez mais numerosa; aquele Caim, agricultor, iracível, revoltado e rancoroso, seu trabalho pouco ou nada produziu. Dai, veio o ódio mortal contra o irmão e o assassinou. Esta é uma verdade inserida nas escrituras.

Na ACE - Associação Cearense dos Escritores- que já completou seu primeiro ano de existencia, é de inspiração memorável, e sua marca é indelével. É, sem dúvida, uma instituição agradável a Deus.
Criada para, entre outras coisas, resguardar o patrimônio cultural do Ceará; incentivar as atividades culturais; estimulkar o intercâmbio cultural como meio de valorização do conhecimento em favor do progresso da humanidade; difundir e cultivar a cultura cearense e as letras; promover palestras, conferências, debates, recitais, encontros, concursos literarias e, acima de tudo, fortalecer o escritor cearense, tem-se mantido irrepreesivelmente nessa linha.
Talvez aí resida também o segredo do grande sucesso que tem alcançado, a despeito do pouco tempo de existência.
Alegrmo-nos todos nós!
Vamos unir nossas forças e esforços para que este sodalício, na sua grandeza de objetivos, seja o reflexo do nosso trabalho, da nossa inteligência e da nossa prudução literaria cearense.
Por tudo isto que a ACE se dispõem a fomentar na cultura e as letras por meio dos escritores cearense, estamos todos de parabéns.

Carta de agradecimento de admissão na
ACE - Associação Cearense dos Escritores
Marcos Silva.
CONVITE

Aproveitemos juntos o dia, compartilhando música e poesia.
Em casa, com Vinicius é um sarau poético-musical tecido pelo poeta, radialista e professor Henrique Beltrão.
Em clima de serena festa, é lançado Simples, seu segundo livro de poemas e canções.
Beltrão diz poemas seus e de Vinicius de Moraes, compartilha o palco com outros artistas, alternando músicas do Poetinha com parcerias suas, que estão em seus livros Vermelho e Simples, todas nascidas de uma caminhada em conjunto com gente afeita à vida, arte do encontro.
Entre os convidados: Joana Angélica, Jord Guedes, Isaac Cândido, Rafael Lima, Rodrigo BZ, Rogério Franco, Wilton Matos e Pingo de Fortaleza.

Mercado dos Pinhões, quinta, 28 de janeiro de 2010, 19 horas
Cavaleiro Solitário

Danilo Amaral

Eu via claramente
Teu reflexo naquele vidro velho
Ao som de melodias que nunca havia ouvido.
Tu sorrias ao meu encontro
E nem sabias disso!

Procurei rapidamente sintonizar
A freqüência de meu coração,
Tão cheio de cicatrizes:
“Um som romântico... rápido!”

Foi quando, num bocejo ingênuo
Destes um suspiro
E retornei sozinho,
À minha imperfeição de homem..

23 de janeiro de 2010

Versão da realidade

O ser humano é a favor de tudo, exceto de si mesmo.


Uma arma, um revólver, por exemplo, é inocente como uma palavra amiga
Não fere
Não destrói
Não cria sangue, dores, lágrimas, morte
Uma arma é tão inofensiva como um pôr de sol na praia de Iracema
Uma arma não mata
Quem mata, por erro social, é o ser humano com uma arma na mão

Silas Falcão
Do livro Por quem somos?
Nudez

O sol. As flores. O diamante. O ouro. A água. O céu. A lua. O sol. As estrelas. O carro. O sapato. A sandália. A folha. A roupa. O golfinho. A baleia. Os lírios. A noite. O dia. As ondas do mar. O verão. A primavera. O parafuso. A roda. A poluição. O fogo. O relâmpago. As nuvens. As cores. O papel. A tinta. O asfalto. A cerveja. O vinho. O suco. A mosca. Os números. O violão. O sax. O gelo. O avião.
Se você observar atentamente verá que o universo, o mundo está vestido de nudez.

Do livro Por quem somos?

Silas Falcão
Mendigos
Para Charles Chaplin

Escurecia
Sob o olhar da mulher ele confere a renda do dia
Estava garantido o desjejum da manhã seguinte
- Vamos?
- Para onde?
Só então eles percebem que não têm para onde ir


Silas Falcão
Do livro Por quem somos?
ENCONTRO COM O SOL

Haroldo Felinto

Pasmado com os mistérios da vida
No mundo incógnito em que vivemos
Das belezas naturais criadas por Deus
No aparecimento do Astro Rei
Anunciando o amanhecer!

Toda beleza emoldura o sertão
Seus fúlgidos raios penetrando na relva
Taciturnamente espalhando o brilho
Tudo é brando, apenas os estrépitos das árvores
Acompanhado dos cânticos da passarada
Criando um ambiente épico e deslumbrante.


A presença da luz intermitente
Fazendo depreender das folhas o orvalho
Deixando úmida e refrescante a mata virgem!
Ao longe papagaios alegres
Refugiam-se para o infinito...

Como é belo o amanhecer do dia!
Compartilhar do aroma das flores
Do sol penetrando no nosso corpo
Do sertanejo a caminho do roçado
Emoldurando aquela paisagem bucólica!

Caminhar ao encontro do Astro Divino
Fazer parte de sua trajetória diária
É realizar sonhos inolvidáveis
E vivenciar esta expressão de Deus
Na sua magna contemplação
É viver eternamente feliz!

22 de janeiro de 2010

O SILÊNCIO

Poeta de Meia Tigela

Após a Hecatombe
Que a todos nos porá
Em pó, ao deus-dará
(Deus talvez também tombe),

O Silêncio será
Matéria consistente.
Nele estará presente
E sempre ecoará

A palavra estridente
Que calamos. Seremos
O que nunca dissemos
(O que estancou nos dentes).
8VERBETES

Carlos Nóbrega


Um complexo

Uma arraia compõe-se
de linha, papel,
de rabo e de cola,
de vento e de céu
e de olhar-se pro alto...
E um menino na ponta
tendo a certeza
de que é astronauta


Menção Honrosa no XII Prêmio Ideal Clube de Literatura, em 21/01/2010
Prêmio Gerardo Mello Mourão
DEPOIS DA AURORA

Carlos Roberto Vazconcelos

Ora, quando dei por mim
O mato já estava alto
e minha alma mergulhada
na floresta do insensato

Quando quis olhar para fora
não vi o verde que havia
as janelas se fecharam
sobre a varanda do dia

Depois veio a tempestade
não quis saber de alegria
quando a lua me chamava
eu fingia que não via

Fazia dos meus poemas
a minha biografia
da minha maior mentira
frase para ser a laje fria

Demorou, ressuscitei
com a chegada de Aurora
o que antes era século
tornou-se fração de hora

Depois da noite ela veio
com quem não vai ficar
inconstante, imprevísivel
feito as ondas desse mar.


2º lugar no XII Prêmio Nacional Ideal Clube de Literatura, em 21/1/2010
Prêmio Gerardo Mello Mourão

21 de janeiro de 2010

Eu sou

Do livro Versos de Amor, de Léa Abud, lançado em 20/01/2010 no Bnb clube.

Eu sou a gaivota que voa livre alcançando o infinito.
Sou as cores do arco-íris.
Sou uma lágrima cristalina que rola na face.
Sou a saudade que se sente, mas não se vê.
Sou um raio de sol
iluminando a Terra.
Sou o amor, trazendo quase sempre sofrimento e dor.
Sou a beleza das rosas que desabrocham na natureza.
Sou a paixão ardente queimando minhas entranhas.
Sou o sorriso de uma criança que a todos encanta.
Sou bocas que beijam, carinhos reprimidos.
Sou a água dos oceanos.
Sou a chuva, o vento.
Sou a luz das estrelas.
Sou a felicidade.
Sou tempo que impiedosamente passa.
Sou a VIDA!
Que bom é poder VIVER
Texto, teto e tato
Batista de Lima

Nada existe fora de um texto. Se for um escritor, dialogando com sua solidão, ele pratica travessuras com a linguagem. Brinca de esconde-esconde com os signos. Engorda algumas palavras e emagrecem outras. Se for um critico, vasculha as dobras da escritura, clareando reentrâncias verbais.
No principio era o verbo, que só sobrevive nos jardins do texto. Tudo é, pois, contexto. A mais isolada ilha não é bóia. Ela funda um continente que lhe sustenta. Assim como a ilha é vigia do continente, o texto é a festa de seres ausentes que mandaram seus verbos representantes. Cada palavra representa um ser que não pôde comparecer à festa dos signos. Como não podemos colocar o mundo original ao nosso alcance, transformamos esse mundo em palavras e o trazemos para o nosso abraço. Até a pessoa querida que não podemos reter ao nosso lado, nós lhe damos um nome e ela se instala nos nossos braços. “Não posso com meus ossos/ perdi meus braços/ no ultimo dos nossos abraços”. Falar assim é abraçar sem braço aquele ausente. Só em literatura isso é possível.
Quando colocamos as palavras para se darem as mãos elas dão vida a uma mensagem. Quanto mais se socializam mais vida adquirem. A relação entre palavras é muito parecida com a relação entre as pessoas. Palavras e pessoas se imitam.
Quando as pessoas se dão as mãos outras vidas se fundam.
A palavra escrita é como a pessoa registrada. Ambas possuem uma identidade, um memorial. Se a pessoa possui seu currículo, a palavra possui sua etimologia. A etimologia é o currículo da palavra. A palavra é o tato da coisa. Nosso tato com o ser começa com a palavra. É possível que nela já pulse o sol que se esconde em cada coisa. É possível que na palavra já se instale essa temperatura que se aninha no interior de cada coisa. É bem verdade que certas coisas se desnudam mais através das palavras que se lhes representam. É essa afinidade palavra/coisa que a gente precisa cultivar. Fazer com que o ser nos chegue sem sair de onde está. É possível molhar-se apenas ao se pronunciar a palavra “chuva”. Porque essa é uma palavra molhada que já traz o chiado da chuva.
Palavras como “manga”, “mamão” e “mamar” são mensageiras da “mama”. São palavras felizes. Cabe ao escritor promover a felicidade das palavras. Cabe também a qualquer pessoa essa função, até ao mais simples falante. É através da fala que podemos avaliar se os falantes é um animador de palavras. A linguagem oral tem o privilegio de ser os braços do coração.
O falante expõe as emoções não só pelos sons vocais que emitem, mas pelos gestos, pela altura da voz, pelo crispar do cenho, pela presença ou não da ternura no olhar. Na linguagem escrita, esses fenômenos não aparecem. É preciso, no entanto, termos cuidado com a altura da voz. Quem grita, distancia-se do afeto. As pessoas, que mais se amam, mais baixo dialogam. Há casos em que tão grande é o amor, que as palavras se tornam dispensáveis. Gritar com alguém é pressupor que existe uma grande distancia entre falante e ouvinte. Se o ouvinte está próximo e nós gritamos, estamos colocando-o distante o mais possível do nosso coração. Fala alto quem ama baixo, quem ama pouco.
A comunicação é um teto onde duas pessoas se tornam texto. E os componentes de um texto têm ligações muito profundas. O teto é uma construção que de tanto acasalar as pessoas recebeu o nome de casa. Assim como a casa antiga possui o cogitarium, o nenustério, o altar dos penates, os jardins, o sótão e o porão, o texto também pode nos oferecer esses compartimentos. A claridade do sótão com sua objetividade e o sombrio do porão com sua subjetividade nos indicam que o teto como o texto são infindável como poço de significações e como superfície para rastreamentos. A parte mais sombria de um texto é um ninho de metáforas.
Quanto mais sombrio o teto, mais o tato se faz presente. Tateia-se no escuro e as surpresas se multiplicam. Imagine-se no sombrio. Geralmente guarda-se a memória, no porão. É lá onde guardamos tudo aquilo que nos útil um dia. Tudo o que marcou os principais momentos da vida está guardado no porão. Ir ao porão é ingressar no mundo da memória. Os objetos que ali estão, trazem impressa a historia da família. O porão é uma sucessão de textos acumulados. Quanto mais antiga é a casa, mais histórias acumulam-se nas suas fundações. Ela guarda sugestões, sinestesias, emoções e lembranças.
O leitor de tato transforma o texto em teto. Ele rastreia e prospecta, nada e mergulha. Ele se agasalha no texto. Por isso que, se do texto o leitor se desprender, ele passa a transportar em si as marcas do seu contato. Portanto, o leitor não se livra mais do texto, assim como o morador não se livra do seu teto. As marcas ficam e são transportadas. Por isso que sempre retornamos para uma casa que sempre transportamos. Da mesma forma, sempre retornamos para um texto que sempre transportamos. Texto e teto, pois, se imbricam em um só ser.
Estamos sempre a conduzir aquilo que nos conduz. Feito um molusco, cada um conduz uma concha em construção. A concha só se constrói enquanto o molusco tem vida. Assim, teto só tem vida enquanto a vida do habitante tateia suas dependências. Da mesma forma o texto só tem vida quando o leitor tateia seus compartimentos.




O soldado matuto do interior

Haroldo Felinto

O soldado matuto encontrou-se com dois tenentes. Passando entre eles fez continência com as duas mãos. Um dos tenentes, achando aquela continência esquesita, perguntou-lhe: "Tá ficando doido, soldado?" " Tô não otoridade, só cumprindo o meu dever. É uma continência dupra para duas otoridades como vosmicês".
O PODER DAS MÃOS

Cris Menezes

Mãos que acariciam e afagam,
Mãos que agridem e mentes apagam.

Mãos que acolhem peitos vazios,
Mãos que oram e reverenciam.

Mãos que sufocam, pois sãos doentias,
São as mãos que cortam nossas alegrias.
Mãos que escrevem, pintam e tecem,
E que tocam belas melodias.

Que poder temos nas mão:
O de acenar a paz!
E de assinar a guerra!
O de cultivar a terra!
O de colher com o esperar...
O de aplaudir e destruir sem sobressalto.

Mas o grande poder está:
Nas mãos que embalam e ninam uma criança,
Abençoando-a com o coração cheio de esperança!
Aos meus sessentanos

Batista de Lima


Uma crônica de alguém fazendo a apologia da chegada aos sessenta anos é por demais desinteressante. Principalmente quando se está saindo de uma virose renitente, de uma contusão no pé esquerdo e sendo bombardeado por notícias de uma gripe suína que grassa por terreiros outros. Mas é preciso cantar esse milagre de sobreviver e contar as “porradas na vida” como diz o pessoano “poema em linha reta,” afinal “meus amigos são heróis em tudo”.
Nesse dezessete de maio, caído em um domingo, foi preciso pensar naquele primeiro, caído numa terça-feira de madrugada chuvosa, numa casa guardada por bois e ovelhas como se manjedoura fosse. Depois, ao repassar esses anos todos, só se pode concluir ser um milagre estar aqui vivinho da silva para contar a história.

Menino de engenho, carregando nos costados todos os desmantelos que a camisa aberta ao peito e o horizonte pulando de serra em serra acarretam à liberdade sem muitos limites nos vastos campos infanto-juvenis adolescidos, é bom agradecer a Deus por estar em pé ainda hoje. Agradecer a Deus por estar neste momento contando que já fui mordido por cobra, tive caxumba, coqueluche, catapora, sarampo, dordolha, frieira, pé-de-atleta, bicho-de-pé, íngua, ferida braba, espinhela caída, quebranto, cabeça de prego, unheiro, panariço, dor de dente, e estou vivo.

Só um milagre, estar aqui, após coice de burro, queda de cavalo, chifrada de boi, cocorote, pontapé, bordoada, topada, tiro de espingarda, de baladeira, de badoque, estrepada, espinho, queimadura com mel quente, virada de carro, tapa de policial, mexerico, mau-olhado, fuxico, queda de árvore, queda-de-braço, gol de cabeça, cabeçada, estiramento muscular, empurrão, joelhada, cascudo, chute, rasteira, escorrego, mergulho e atoleiro. Depois dizem que não há milagre. Eu sou uma prova de que há.

Como estar de pé a essas alturas? Quais são as meizinhas para se chegar a tanto? Primeiro ter sorte, depois amar as pessoas, não guardar rancor, amar a dor como forma de suportá-la, acreditar em Deus e nos homens, dormir bem e sonhar. Sonhar em todas as horas, e ter um grande amor. No meu caso, essa dama maravilhosa,com os olhos de ressaca, essa misteriosa mulher que apelidamos de poesia. Sem poesia, a vida não tem amanhã, delírio, êxtase. Poesia é o cafuné da alma.

Só com muita poesia para estar aqui feliz um sobrevivente de algumas secas, de alagamentos, escapado da dengue, de trovões de estalo e coriscos, de cálculo renal, piolho, lêndea, pichilinga, sol quente, calor e frio. Está aqui um pescador de traíras, ex-presidente de academia, cassaco em cinqüenta e oito, professor desde as duas da tarde de uma terça-feira de fevereiro de 67, torcedor de um time que não ganha, seminarista com uma fuga do seminário no currículo, corta-mel, tombador de cana, lateral direito pau-puro, e depois de tudo isso, está aqui vivo, mirando estrelas. Apenas com um joelho minado, três unhas arrancadas, duas costelas quebradas, e um menisco depauperado.

Picaresca figura, por força de algumas circunstâncias, quero pedir permissão para continuar um pícaro, um Cândido voltaireano, bem mais Quixote que Sancho Pança. Ainda é tempo para ir trocando as linhas retas pelas curvas, a claridade pela escuridão, o medo pelo orgulho, o nado pelo mergulho, a pesquisa pela pescaria. Quero pedir permissão para permitir.
Permitir é tornar possível o sonho. Que me deixem ainda realizar grandes sonhos que acalento. Os mais importantes são: aprender a andar de bicicleta, ouvir o canto da chuva nos telhados, encontrar a palavra mais próxima da emoção, encantar-me com as águas correntes e chorar pelas paradas, e não realizar todos os sonhos porque eles são criaturas que se extinguem quando da realização.

Também preciso ainda entender certos mistérios que a literatura me tem trazido: a pedridade de João Cabral, a rapaduridade de José Lins, a tosse de Bandeira, os suores de Clarice, a alegria de Cecília, o pigarro de Graciliano, a palavra de Rosa, o segundo andar de Quintana e o lado esquerdo de Drummond.

Quanto a essa coisa de docência, depois de tanto tempo ainda querer começar tudo de novo é preciso professorar sobre professor. Primeiramente gostar de ministrar aulas. Dormir bem na véspera de grandes aulas. Ter muito afeto para com os alunos. Ganhá-los pelo coração e arrancar deles os saberes que eles guardam sem saber. Transformar a sala de aula em um palco e valorizar muito essa platéia permanente que se tem ao longo de uma disciplina. Saber que quem está à nossa frente, veio em busca de algo que tem mas ignora, e que é preciso abrir a porta para a introdução de cada um no mundo do saber.

Também, depois de tanto tempo mourejando distâncias, é importante saber que o coração pulsa mais vivo quando os velhos caminhos são trocados pelos atalhos. Que a arte de viver é uma culinária em que cada momento tem seu tempero certo para um saber diferente. Que o importante não é chegar ao topo da montanha, mas tentar encontrá-lo nas ladeiras da escalada. Depois é bom saber que a ingenuidade tem seu valor e a inocência não caiu em desuso. Todas as coisas gostam de ser surpreendidas nos seus desvãos, e que uma grandeza é se surpreender com pequenas e simples coisas.

Uma das conquistas que ainda persigo, é a busca da simplicidade. É preciso se encantar sempre. Se encantar principalmente com o que está esquecido, com o que está desprovido de encanto. Por isso que ao olhar para trás verifico que podia ter transgredido mais, podia ter dormido menos. Podia ainda ter ouvido mais e ter falado menos. Ter viajado sem pressa por esses caminhos sem fim do vasto país do coração.

Agora, com esses anos todos armazenados nas costas, preciso ficar tentando colocá-los à frente. Preciso tentar reverter para me iludir de que rejuvenesço. No entanto, não vou nunca me esquecer dos versos de alerta do Padre Antônio Tomás, de que no verdor dos anos, “as esperanças vão conosco à frente, / e vão ficando atrás os desenganos”. No entanto, quando o tempo passa, “desfazendo ilusões, matando enganos”, acontece “o contrário dos tempos de rapaz: / os desenganos vão conosco à frente, / e as esperanças vão ficando atrás.”
A eterna potência
Nonato Nogueira

“Conhecer é compreender qualquer coisa no melhor de nossos interesses”. (Nietzsche, A vontade de Potência)


A grandeza do poeta
É uma folha de papel
Seu amor
Sua alegoria
É a plenitude da arte
Seu desejo simbólico
Seu demônio libertado
É o infinito prazer carnal.
O vício da idade
Da arte arbitrária
É a natureza simbólica
A chave que já não abre a porta
A deusa nua, fria e morta.
A fraqueza do poeta
É o veneno que não sai da boca
Da serpente, da mulher amada
O dente que não morde
A totalidade acabada
A sua própria identidade.
A perfeição do poeta
Seu ódio
Sua ira
Seu tempo e espaço
É a dor que parece infinita
A matéria do poema
O tempo do poeta
Sua imagem ingênua
Sua alma simplória
"A boa educação é moeda de ouro, em toda parte tem valor"
Antonio Vieira


Premius Editora na 9ª Bienal Internacional do Livro do Ceará de 2010.
A Editora Premius adquiriu junto à RPS Eventos, SINDLIVROS, SECULT, espaço de 50 metros quadrados para seu estande na 9ª Bienal Internacional do Livro do Ceará, que se realizará de 9 a 18 de abril de 2010, no Centro de Convenções Edson Queiroz.

A Premius elaborou, em parceria com a Associação Cearense de Escritores-Ace, uma intensa programação incluindo lançamentos de 150 títulos de autores cearenses, autógrafos diuturnos, concurso literário, gincana literária, cursos e palestras.

Mais de setecentas e cinquenta mil pessoas visitarão a 9ª Bienal Internacional do Livro do Ceará nos seus 10(dez) dias de eventos nos quais você apresentará sua obra literária, participará dos lançamentos, irá rever e criar amizades inteligentes!

PARTICIPE dessa oportunidade de se projetar como escritor (a) nesse 2º maior evento literário do Brasil.

“A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram”. (Jean Piaget)
UMA LOUCURA CHAMADA PAIXÃO

Iara

Paixão é um brilho no olhar
É ficar a vagar
É não parar de pensar
É não lembrar de esquecer
É não esquecer de lembrar
Paixão é transformar um minuto
Em eternidade
É crer no impossível
É fanatismo
É uma doce magia
Uma amarga incerteza
É fazer da centelha uma fogueira
Paixão é energia, é vulcão, furacão
É uma doce canção
É o avesso do avesso
É o oposto de tudo
É completa antítese
É sol e chuva
Dia e noite
Luz e escuridão
Riso e lágrima
Paz e guerra
Frio e calor
Fé e descrença
Primavera e Outono
Verão e Inverno
Céu e Inferno
Segurança e Medo
Certeza e Dúvida
Paixão é o avesso da lógica
É a negação da inteligência
É enxergar e não ver
É ouvir e não escutar
É se negar a compreender
Paixão é Contradição
Duas Taças na Mesa

Sonia Nogueira


A mesa estava pronta sob o linho
Vermelho das paixões na tempestade
Dois copos com a tintura rubro vinho
Duas bocas mui sedentas de vontade

As mãos tocaram-se o olhar despido
Somente o coração chamado o alvo
Falavam idioma em vão bebido
De frases de sonhares em tom salvo

A noite foi correndo o amor surgiu
Sabendo do tornado que se abria
Distância e solidão sem companhia

A hora aproximou-se o vôo chamou
No cálice de cristal o vinho ardia
Somente as duas taças enfim sobrou
Meninos de Liverpool

Nilze Costa e Silva

Num salto, em plena rua, uma sombra desce
sobre a noite que se omite
John! de novo haverá o sonho:
o sonho do reencontro
21 anos é o tempo da espera
até que o outro menino se vá
Me dói olhar o quadro da parede do meu quarto
onde os quatro espaçavam seus passos
na faixa reta dos pedestres
daquela larga avenida...

Minha saudade consegue ser musical
e ampliada na canção que oscila
como a chama de uma vela acesa
no alvorecer de um dia de paz
A saudade ecoa como sinos que tangem
e gemem no adolescer
dos meus dezembros solitários
Vozes são como sinos:
doem, doem, doem, doem
- as vozes alegres dos meninos de Liverpool

Na sombra turva da noite
é George quem se vai
Na parede do meu quarto
só caminham dois rapazes
estranhas criaturas
solitários pensamentos ...
Vejo agora Paul e Ringo
braços ao longo do corpo
cabelos soltos ao vento
cruzando de novo a avenida
compondo canções solitárias

Tratado do tempo (em dois tempos)

Carlos Roberto VaZconcelos


o tempo
é um templo sagrado
o tempo
é um templo vazio
o tempo
é um templo

Deus é contemporâneo
do tempo

a eternidade é contemporânea
do tempo

a solidão é contemporânea
do tempo

viver é contemplar
o tempo

pensar é contemplar
o tempo

morrer é contemplar
o tempo

o tempo não tem tempo

Rima ou Lógica

José Alfredo de Albuquerque


Tenho que fazer uma poesia nova.
Em um estilo novo,
De uma forma consagrada!

Solta e diferente,
Precisa e delineada!

Simples e objetiva,
Como sendo a nossa cara.
Num esboço rude!

Um reto traçado,
Fiz o melhor que pude!

Tenho que fixar,
O meu ser no teu vulto.
E não querer outra rima!

Como se a lógica fosse...
A mais cruel rotina.
As leituras, as viagens
Carlos Roberto VaZconcelos

Ao Albeci Filho, meu irmão,
que foi ao México primeiro.

Todos dizem que ler é viajar. Isso é fato consumado, mesmo na opinião de quem nada lê. Ler Josué Montello, por exemplo, é transportar-se para o Maranhão. Jorge Amado nos leva à Bahia. Com Machado, retrocedemos ao velho Rio de Janeiro imperial (e às profundezas da alma humana). João Guimarães, Graciliano e Rachel nos conduzem a uma pátria chamada Sertão.
E assim segue o leitor, nas mais variadas e pitorescas aventuras, turismo espiritual. Desse modo, quem tem boa biblioteca possui de saldo uma agência turística virtual, sem os protocolos e a burocracia das convencionais.
Pois estive viajando, esses dias. Li Érico Veríssimo e viajei ao México...
– Ao México, tchê?
Sim, senhor! E de trem. Mas tudo bem, compreendo a estranheza. Quem lê Veríssimo viaja não é para os pampas? E escuta aquela música ao longe (talvez um solo de clarineta), vinda do tempo e do vento, que varre os lírios do campo pelos caminhos cruzados?
Floreios à parte, explicarei melhor. Estou me deleitando com a leitura do livro intitulado México, do escritor gaúcho. É daqueles livros injustamente esquecidos. Como se dizia antigamente, o lado B do long play. São notas de viagem, testemunhos de vida, capítulos de humanidade de um escritor que, ao sentir-se sufocado pela vida diplomática, em Washington, consumido pelo desejo de umas férias, chega em casa e sugere à mulher:
– Vamos ao México?
Esse bem poderia ser o título do livro, pois realmente o convite se estende ao leitor. Qualquer um o aceitará prontamente depois de ler o Prólogo, onde o autor trava um delicioso colóquio com o mestre William Shakespeare em torno das razões que o aliciam a arredar pé da metrópole americana. Lá, tudo funciona direitinho, um modelo de organização, um primor de urbanismo. E sentindo-se um gato preto em campo de neve, desabafa ainda: Sinto saudade da desordem latino-americana, das imagens, sons e cheiros de nosso mundinho em que o relógio é apenas um elemento decorativo e o tempo, assunto de poesia.
Acróstico (Mário Gomes)

Gilson Pontes

Meu abraço, minha saudade...
Amigos, onde posso encontrá-lo?
Rosto sofrido, coração fechado
Inspiração divina que lhe foi dada
Onde está Mário?

Guardas um mistério nesse teu viver alquebrado
Os sonhos ainda não acabaram...
Mesmo vivendo em desencanto teus
Em que águas naufragou os sonhos?
Sai dessa amargura e mostra tua existência.
Infância

Para Pedro Salgueiro

No depósito do lixão ela vê um sorriso entre os sobejos
Sorriso que não vê em casa
Nas ruas
No mundo
E sai sorrindo com o sorriso da boneca, nos braços

Silas Falcão
Do Por quem somos?

Poesia classificada para a antologia do XII Prêmio Ideal Clube de Literatura, 21/01/2010
Prêmio Gerardo Mello Mourão.