
A Ace foi fundada em 21 de setembro de 2007. Mesmo nos primeiros passos desta infância já conquistou estas vitórias:
-Concurso Literário Eduardo Campos de Crônicas e Contos, com a participação de 120 autores e entrega do prêmio para os vinte autores com os melhores textos literários.
-Edição do livro Antologia de Contos e Crônicas Eduardo Campos, do referido concurso.
-Lançamento e distribuição do jornal FormAção Literária e do folheto didático Novo Acordo Ortográfico
-Instalação da sede da Ace no Sigrace, para funcionamento da secretária executiva, e auditório climatizado.
-Criação do site www.escritores ace.com.br, com a loja virtual do escritor.
-Participação na 9ª Bienal Internacional do Livro,
-Nomeação de dois associados para o Conselho Estadual de Cultura (CE) e participação efetiva nos Fóruns de Cultura Cearense, entre eles o Flec.
-Implantação da campanha Seus cupons velem livros, com o objetivo de divulgar a literatura cearense através dos escritores da Ace.
-Criação da Coordenação Literária, da Assessoria Literária para os escritores cearenses.
-Criação da Diretoria de Artes Cênicas e do Concurso Literário Rachel de Queiroz de Conto e Poesia.
-No último sábado do mês realizamos um evento cultural- palestra, lançamento de livro, sorteio de livros.
DIRETORIA DA ACE PARA 2012/2013
Presidente de Honra: Haroldo Felinto
Presidente Emérito: Francisco de Assis Almeida Filho
Presidente: Francisco de Assis Clementino Ferreira- Tizim
Vice-presidente: Linda Lemos
1º Vice-presidente: Francisco Bernivaldo Carneiro
1º Secretária: Sonia Nogueira
2º Secretário: Gilson Pontes
1º Tesoureiro: Antônio Paiva Rodrigues
2º Tesoureiro: Abmael Ferreira Martins
Diretor de Eventos: Silas Falcão
Diretores adjuntos de eventos: Eudismar Mendes, Romenik Queiroz, Lúcia Marques, Francisco Diniz, Márcia Lio Magalhães.
Diretor de Artes Cênicas: Aiace Mota
Diretor cultural: Cândido B. C. Neto
Diretora cultural adjunta: Fátima Lemos
Cerimonialista: Nicodemos Napoleão
Coordenador de Literatura: Lucarocas
Coordenador adjunto de Literatura: Ednardo Gadelha, Carlos Roberto Vazconcelos e Ana Neo.
Secretaria de Comunicação e Divulgaçã: José Onofre Lourenço Alves
Secretário Adjuntos: Geraldo Amâncio Pereira, Fernando Paixão, Pedro Cadeira de Araújo
Conselho Consultivo
Presidente: Francisco Muniz Taboza
Vice-presidente: Domingos Pascoal de Melo
1º vice presidente: Elson Damasceno.
Membros Efetivos: D. Edmilson Cruz, Juarez Leitão, Ubiratan Diniz Aguiar, José Moacir Gadelha de Lima, José Rodrigues, João Bosco Barbosa Martins, Pe. Raimundo Frota.
Conselho Fiscal
Presidente: Affonso Taboza
Membros Efetivos: Jeovar Mendes, Rejane Costa Barros, Girão Damasceno, Cícero Modesto.
22 de outubro de 2010
30 de setembro de 2010

PRELÚDIOS POÉTICOS: ROMANTISMO E REGIONALISMO
Sânzio de Azevedo
Alceu Amoroso Lima (Tristão de Athayde), em livro cuja primeira edição é de 1928, depois de afirmar que a atividade literária no Ceará começou exatamente “com a chegada de Gonçalves Dias, refere-se aos Prelúdios poéticos, publicados por Juvenal Galeno no Rio, em 1856. E completa: O estreante de 20 anos procurou naturalmente o grande cantor das selvas e dos índios. E este aconselhou ao poeta imberbe que se deixasse de versos acadêmicos e que procurasse no povo e na terra a matéria poética dos seus versos.[1]
É o caso de perguntar: se os poemas do primeiro livro do autor cearense nada tinham da musa do povo, em que Gonçalves Dias se teria fundamentado para dar esse conselho?
O pior é que um grande escritor cearense, nada menos que Antônio Sales, afirmou, num livro do final dos anos trinta, após falar do Romantismo: Foi esse um áureo período do pensamento brasileiro. Juvenal Galeno, obscuro e mal aclimado ainda, entrou como pôde no torvelinho, e aos vintes anos (1856) publicava os seus “Prelúdios Poéticos”. Suponho nada terem de comum esses versos com o gênero a que Juvenal se consagrou depois, tornando-se inimitável. Tenho mesmo motivos para afirmar que os “Prelúdios” se cingiam muito de perto a modelos que não eram, como para uma grande parte dos poetas de então, Lamartine ou Byron.[2]
Note-se que o autor de Aves de arribação demonstra claramente não ter à mão o livro de Galeno, usando expressões como “Suponho” ou “Tenho mesmo motivos”. Infelizmente, durante muitos anos os Prelúdios poéticos, devido à sua raridade, eram inacessíveis, e com base principalmente na autoridade de Antônio Sales cheguei a acreditar fossem ainda neoclássicos os primeiros versos do poeta, não obstante sua convivência, na então Capital do Império, com Machado de Assis, Quintino Bocaiúva, Joaquim Manuel de Macedo e outros vultos do Romantismo brasileiro.
Foi então que um amigo, o saudoso bibliófilo cearense José Bonifácio Câmara, forneceu-me cópia do livro, em cuja folha de rosto se lê: “PRELÚDIOS POÉTICOS / de / Juvenal Galleno da Costa Silva / Natural do Ceará / (vinheta com uma lira enramada) / Rio de Janeiro / Typ. Americana de José Soares de Pinho / Rua da Alfândega n. 210 / 1856.”
Folheando esse livro, deparei-me logo com a presença avassaladora do Romantismo, não somente na dicção do poeta cearense, mas também nas epígrafes de Victor Hugo, Alfred de Musset, Lamartine, Alexandre Herculano, Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Gonçalves de Magalhães e outros.
Os metros usados são típicos da corrente, como o decassílabo, em “Numa noite de luar”:
Ah, vem querida virgem, vem meu anjo;
Tão medrosa não fujas, cara amante!
Contempla o vasto mar, contempla a lua,
Ouve a onda gemer pouco distante.
Como o verso de sete sílabas, ou redondilho maior, em “O Cravo desprezado”:
Em teu raminho verdoso
Eras belo a vegetar!
Tão garboso, pelos ares
Doce aroma a espalhar.
Não falta o eneassílabo, verso de nove sílabas, em seu andamento anapéstico. É o caso de “A Enjeitada”:
Eu a vi!... Triste pranto banhava
Sua face tão linda e corada!...
Era jovem e já desditosa,
Era, oh Deus! uma triste enjeitada!...
Nem o hendecassílabo iâmbico-anapéstico, o mesmo que abre o poema “I-Juca-Pirama” de Gonçalves Dias. No livro do poeta cearense, temo-lo em “Cismar”:
E a lua vagava nos Céus infinitos,
Tão bela qual virgem sozinha pensando!
E eu era mui triste no adro do Templo
Na laje marmórea, na vida cismando!
É genuinamente romântico o poeta que, em versos cheios de amargura, derrama-se na confissão desses decassílabos do poema “Sou triste”:
Sou triste como a linfa suspirosa
Entre a selva de noite serpeando;
Sou triste como a rosa murchecida,
Que a fera ventania vai levando...
O subjetivismo, a tristeza explícita, as comparações, o vocabulário, a adjetivação, tudo nesses versos remete para a escola de Musset e Lamartine.
É verdade que, às vezes, ressumam leves reminiscências neoclássicas (o que é compreensível num leitor de Gonçalves de Magalhães), como neste trecho, em tetrassílabos (de quatro sílabas), de “Adeus, Aratanha!”:
Triste suspiro
Solto do peito,
Que da saudade
Jaz tão desfeito!
Mas diga-se a verdade: de neoclássico há aí unicamente o metro. Esse suspiro saudoso é característico da escola romântica, dentro da qual nasceu literariamente o jovem poeta.
Entretanto, não foi apenas Romantismo que encontrei nos versos desse livro: lá estão, vivas, se bem que ainda não em sua melhor forma, as notas regionalistas precursoras da poesia de raiz popular que haveria de consagrar Juvenal Galeno.
E antes que alguém afirme que os poemas do livro são ainda bisonhos, bem longe da arte de “A Jangada” ou do “Cajueiro pequenino”, lembro que em literatura há dois tipos de importância, a estética e a histórica. Os Prelúdios poéticos têm valor histórico porque abrigam os primeiros textos de caráter romântico e regionalista do poeta, inspirados pela musa popular.
Distante de sua terra natal, espraiava-se o bardo, em junho de 1856, nos heptassílabos de “A Noite de S. João”:
Em minha terra a estas horas
Eu sorria alegremente,
Tirava sortes co’as moças,
E brincava tão contente!
Era ledo e folgazão
Em noite de S. João!
Pulava destro e sorrindo
Por cima duma fogueira,
Aplaudido sendo sempre
Por menina feiticeira!
Brincava com tantas belas,
Por S. João ― compadre ― delas!
Era sem dúvida o prenúncio daquele poeta observador que, embora romântico, anotava de maneira mais ou menos realista todas as facetas do viver do nosso povo. No mesmo poema, há este trecho que revela a crença das jovens casadoiras:
Um sorriso de menina,
Um suspiro doutra moça,
Que na sorte lê: ― desdita!...
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Uma vai atrás da porta
Co’a boquinha cheia d’água,
Ouve um nome... é do seu noivo,
Tem prazer ou sente mágoa!
Também o homem do mar, que haveria de merecer-lhe versos duradouros, está presente nas rimas do estreante, como em “A Canção do jangadeiro”, na qual diz, entre outras coisas:
Rema, rema, jangadeiro,
Vai tua esposa abraçar,
Ver os tão tristes filhinhos,
Que já choram de esperar!
Rema, rema, jangadeiro,
Pobrezinho aventureiro!
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Tua esposa, cuidadosa,
Teus vestidos a enxugar,
Quanto é terna e desvelada,
Quanto é firme o seu amar!
Rema, rema, jangadeiro,
“A Canção do jangadeiro”, como vários outros poemas do livro, foi escrita no Ceará, em 1855. Desse mesmo ano é a “Cantiga do Violeiro”, que traz esta indicação entre parênteses: “poesia popular”, o que é significativo. É esse poema formado de versos de sete e de quatro sílabas:
Nas cordas desta viola
Quando toco e vou cantando,
Meu coração contristado
Em prazeres vai nadando.
A vida passo
Assim cantando,
Assim tocando
Numa função!
D’amor o laço
Já me prendeu!
Já se rendeu
Meu coração...
Não é fora de propósito imaginar que Gonçalves Dias, ao receber do então jovem poeta um exemplar de seu livro, viu que nele o que havia de mais original eram os poemas de cunho popular, daí, sim, o conselho para que o autor desenvolvesse essa faceta de sua inspiração.
Os Prelúdios poéticos representam, a meu ver, o marco inaugural, não da literatura cearense (pois sigo a opinião de Dolor Barreira, ao considerar como tal as produções dos Oiteiros, do tempo do governador Sampaio), mas do Romantismo no Ceará, o que não é pouco.
Ao enfrentar pela primeira vez o público ao qual se destinavam seus versos, o jovem poeta se apresentava timidamente, escrevendo com humildade palavras deste teor: “Quando lerdes este livro, lembrai-vos de seu título, da tenra idade de quem o escreveu, e sede indulgentes.”[3]
Diante de tudo que aqui foi exposto, não há razão para que se repita a afirmação infundada de que os Prelúdios poéticos nada tinham de romântico ou de regional.
Juvenal Galeno, já em seu livro de estreia, fazia palpitar, ainda que timidamente em seus versos de principiante, a alma do povo cearense, da qual ele seria, nove anos mais tarde, o legítimo intérprete, nas Lendas e canções populares.
24 de setembro de 2010
Carlos Mourão
Trancou a porta, dando duas voltas na fechadura e tentando uma terceira que nunca viria, e saiu para a rua. Colocou as chaves no bolso, conferiu se havia pegue sua carteira, seu cartão e bateu a mão no bolso esquerdo da blusa branca para ver se o cigarro estava mesmo lá.
Sim, estava, porém no final. Nota mental imediata: comprar cigarros na banca de revistas. Não esquecer também das balinhas de menta, para se sentir limpo. Apressou o passo para chegar à banca antes do ônibus passar.
Na banca, havia um rapaz de calça jeans rasgada, blusa preta, piercings, com fones no ouvido, lendo uma revista sobre yoga e budismo. Em seu colo, uma revista aberta com fotos de tatuagens, mostrando uma mão de Fátima e o Om.
Ao seu lado esquerdo, uma moça com uma saia indiana dentro de uma bolsa reciclável, além do shampoo e de uma escova de cabelos. Comprava um chiclete de menta, uma coca-cola e um biscoito de chocolate. Jogava tudo na bolsa, segurava a lata e catava as moedas enquanto falava ao celular avisando que iria demorar um pouco, mas chegaria em 23 minutos. Assim mesmo, bem precisa, mas não sabia o ônibus que iria pegar.
O dono da banca disse qual o ônibus pegar, olhando para os seus seios e umedecendo os lábios. Tirou a caneta de cima do balcão de vidro, anotou num pedaço de papel o número dos coletivos que ela poderia pegar e, no seu verso, um número qualquer de telefone. Possivelmente o dele, mas ela não percebeu ou fingiu não perceber.
Senhoras caminhavam ao redor da praça em que ficava a parada do ônibus. Usavam bonés, blusas grandes e com algumas propagandas, além dos terços nas mãos direitas. Seus olhares eram curiosos, conservadores e indiscretamente discretos quando falavam dos jovens que iam para suas aulas ou vinham de algum bar.
Enquanto comprava seu cigarro, olhou para o relógio de um homem branco e careca (por opção), e viu que eram quase sete horas da manhã. Lembrou que era quinta-feira, véspera da véspera do fim de semana. Lembrava também que tinha muitas pendências e que queria viajar no fim de semana, mas não tinha dinheiro, pois era dia 21, sinônimo de resto de salário e que devia comer menos de quatrocentos gramas no self service perto do trabalho para não faltar dinheiro.
Do outro lado da rua vinha uma travesti arrasadíssima, maquiagem borrada e praguejando do salto alto. O careca (por opção) olha com desprezo e desejo para a mulher/homem, um olhar com vontade de matar a moça para matar seu desejo por ela.
Olhou novamente para o tal do careca e procurou a suástica para saber mesmo se era um skinhead. Devia estar por baixo da blusa, certamente. Pagou o cigarro e olhou para o final da rua na expectativa do ônibus chegar logo.
O rapaz que lia sobre yoga e budismo comprou a revista e tirou uma foto pelo seu celular do Om e da mão de Fátima. Em seguida, voltou a colocar os fones no ouvido e atravessou a rua, caminhando atrás de um senhor que carregava uma sacola com pães e um pacote de sal.
A moça sentou na parada e releu o papel para conferir qual ônibus pegaria. Tomou o refrigerante, comeu um biscoito e pediu um cigarro. Na palma da sua mão estava tatuada uma mão de Fátima. Tragava à medida que amassava a lata, olhando ao redor para encontrar um lixeiro, mas teve que colocar a lata na sua bolsa, pois o ônibus já estava chegando.
Deram sinal, jogaram os cigarros no chão e entraram. Tentavam encaixar seus corpos naquela proximidade tão distante, evitando o toque. Pela janela, ele percebeu que o careca (por opção) acenava discretamente para a travesti, pedindo para ela ir logo, talvez para a casa dele ou deles.
Ficou observando os dois dobrarem a esquina enquanto esperava o sinal abrir e viu um carinho dela no pescoço do careca. As senhoras, que tinham parado de caminhar para saber se os comentários eram verdade, entreolharam-se, benzeram-se três vezes e saíram falando levando a mão à boca e olhando para os lados.
Um casal chegou à parada, sentaram e logo a carona deles chegou como sempre extremamente pontual. Deram sorrisos, entraram e se enfileiram aos outros carros, motos, bicicletas, ônibus, topics e pessoas transitando.
O sinal abriu e o senhor que chegava com os pães e sal fechava o cadeado do portão. Jogou um punhado de sal na entrada da casa, puxou uma cadeira e sentou-se na varanda. Arrancou o bico do pão e mastigou calmamente, opondo-se à velocidade dos pneus e freadas no asfalto de mais uma quinta-feira.
22 de setembro de 2010

21 de setembro de 2010

Voei tão alto,
Voei feito o condor.
Planei com esmero a imensidão do azul
E me senti livre das amarras
Da vida terrena.
Sobrevoei os alcantis mais íngremes
E de lá, ecoei meu grito
Num rasgo indefinido, imensurável.
Voei tão alto,
Voei feito condor.
Fui mais além, atingi outras dimensões.
Evolui a alma.
Depois, ao retornar do vôo,
Rejeitar, duvidar, me fazem companhia,
Deixando-me intuir.
Aqui, quase nada se explica.
Muitas vezes, erroneamente se explica.
Fico assim, a fazer reticências.
Não sei decerto, talvez o inesperado colidiu comigo,
Precipitando-me pela atmosfera,
Restando apenas esta centelha aqui prisioneira
À espera de um vôo rasante,
De volta para o infinito.
Janaura Tavares
15 de setembro de 2010

Uma mistura que inclui uma boa dose de surpresa e uma pitada de incômodo, causados pela exposição de personagens múltiplos, que carregam consigo uma memória que quer libertar-se a todo custo, está presente nos 22 contos divididos em retratos: dispersos, de mães, de homens.
Ronaldo Correia de Brito, médico e escritor, diz que arrumou os textos do novo livro como um curador monta uma exposição de obras de arte. Experiência própria. Entre a medicina e a literatura, Ronaldo faz teatro e curadoria de exposições e só não faz cinema porque tem que dar expediente em dois empregos. Na década de 1970, fez um documentário (Cavaleiro Reisado) e dirigiu um longa para TV Cultura (Lua Cambará).
Nada impede, porém, que seus textos tenham uma velocidade tal que se assemelham a imagens em movimento. Seja quando imagina acertos de contas de uma vida inteira, seja quando cria um novo Jó às voltas com perguntas que Deus teima em não responder, como é o caso do conto que dá origem ao nome do livro.
Retratos Imorais é uma espécie de livro de liberdade, segundo conta o autor. Ele diz que depois de Galileia rompeu com a “mordaça do universo sertanejo” e chegou às cidades. “Agora estou mais solto para escrever o que bem quiser e transitar por onde quiser”, afirma. Até mesmo deixar de lado o sertão, tema que Ronaldo deu vida nova nos livros anteriores – As Noites e os Dias, Faca e O Livro dos Homens - e que reconstruiu com maestria no primeiro romance, Galileia, com o qual arrebatou o prêmio São Paulo de Literatura, no ano passado.
Em entrevista ao O POVO, Ronaldo Correia de Brito fala sobre o novo livro e revela como todas as artes o levam à escrita que ele escreve com “os olhos”.
O POVO - Retrato é algo que fica congelado. A literatura, pelo contrário, se move no tempo. Como você junta retrato e literatura?
Ronaldo Correia de Brito – Sempre faço curadorias para exposições de pintores, aquarelistas, gravadores e escolho as obras de arte que vou expor a partir de um conceito. Quando expus o gravador Gilvan Samico, o conceito da mostra era a exatidão. Usei essa mesma técnica para selecionar os 22 contos desse novo livro. Todos eles reproduzem imagens, retratos variados, mas sempre em movimento.
OP - Recife é o cenário comum de muitos dos retratos que você registra no seu livro. Como o lugar dita a ordem das histórias que você conta?
OP - O cinema e a fotografia são referências constantes nos seus contos, assim como a psicanálise e o teatro. Como você observa essas referências criadas e recriadas?
Ronaldo – Às vezes, esqueço que estou escrevendo um romance ou conto e penso num roteiro de um curta-metragem, como na narrativa Homem Sapo. Misturo as linguagens e por isso meus contos são impregnados de teatro, cinema, catálogos de exposições, imagens, muitas imagens. Escrevo com os olhos. Quanto à psicanálise, não existe literatura que não seja psicanalisada, desde Freud, ou desde Dostoievski.
OP - Muitos dos contos haviam sido escritos há anos e você os refez ou os atualizou. Como se deu esse reencontro com o texto?
OP - O conto Toyotas azuis e vermelhas traz consigo um discurso metaliterário que compreende a escrita, a morte, o autor. Como você, como autor, lida com a ideia de que a escrita mata o próprio autor?
Ronaldo – Escrevemos para esquecer, para nos livrarmos da memória. Quando nos desfazemos de uma narrativa, o que acontece depois que publicamos um livro, sentimo-nos aplacados, em parte aliviados das lembranças que nos alucinavam e fustigavam. Além disso, os textos deixam de ser nossos, não nos pertencem mais. Só o leitor pode recriá-los com sua leitura.
OP - Ainda sobre esse conto, o narrador em algum momento fala: “Todas as espécies merecem sobreviver. Os escritores também”. Ronaldo – Nem lembrava dessa passagem. Você tem certeza de que a escrevi? Nunca retorno aos meus livros. Uma vez, um leitor me mandou um livro todo anotado, para o meu autógrafo. Senti verdadeiro constrangimento em abri-lo, pois já não me pertencia, era de outra pessoa, que o estava reescrevendo. Como já falei anteriormente, os escritores sobrevivem apenas através dos leitores. Nós merecemos viver, sendo lidos.
OP - Como você lê Borges? Espiando a si próprio, tal qual o personagem do conto Homem borgiano espreitando o lobo?
OP - Eu o ouvi falar sobre o processo de criação do conto Homem folheia álbum de retratos imorais. No final, você disse que nunca sabe como a história vai se desenrolar. Como você lida com esse mistério?
OP - A partir do conto Homem buscando a cura, quem tem mais poder de curar: a medicina ou a literatura? Ronaldo – Eu não acredito em cura definitiva. Há um ponto de equilíbrio dos sintomas em que é possível tocar a vida. Ou amar e trabalhar, como refere Freud. Tanto a medicina como a literatura pode fazer bem. Embora eu prefira a literatura na perspectiva de Kafka, como causadora de transtornos. A doença também é um transtorno que a medicina busca equilibrar. Então, vamos usar as duas panaceias: literatura e medicina.
14 de setembro de 2010
11 de setembro de 2010

10 de setembro de 2010

Veja as informações abaixo:
PROJETO FEITO À MÃO
TRÊS OLHARES DE CLARICE LISPECTOR
Curso com Miguel Leocádio Araújo
Dias 8 –15– 22 (quartas-feiras) das 14h às 18h
20 vagas (inscrições no local – quiosque do Passeio Público)
(O Passeio Público, para quem ainda não sabe, fica no centro da cidade, à frente da Santa Casa de Misericórdia na rua João Moreira, S/N)
PROGRAMAÇÃO:
1º DIA (8 DE SETEMBRO): Clarice Lispector no horizonte (um olhar panorâmico).Olhares sobre a mulher e sobre o amor em contos e crônicas.
2º DIA (15 DE SETEMBRO): Olhares sobre a criança e sobre as relações familiares em contos e literatura infantil.
3º DIA (22 DE SETEMBRO): Olhares sobre a crueldade: os problemas sociais do país em crônicas, entrevistas e cartas.
Outras informações: miguel.leocadio@hotmail.com
Fonte: http://raymundo-netto.blogspot.com/
25 de agosto de 2010
23 de agosto de 2010


Sim! Apesar da proximidade geográfica que o Benfica guarda em relação ao sujo e abandonado centro de Fortaleza, nada lhe afeta a maciez do tempo onde relógios preguiçosos parecem marcar seus dias. Domingos, então, nada mais tranqüilizante que apreciar sem pressa de chegar a lugar nenhum, fachadas de casas aquietantes, árvores farfalhantes, bem-te-vis, rolinhas cascavel, pardais e, com sorte, o singrante gavião que costuma habitar as copas das altas mangueiras do Bosque de Letras. Será ele o antigo morador daquelas paragens dos meus tempos de acadêmico? – Vinte anos passados – Ou se tratará de um seu descendente, gerações pósteras de velhas asas caçadoras?
Certa noite boêmia de lá, lançaram-me aos ouvidos de poeta uma daquelas indeléveis frases que costumam nos acompanhar por toda a vida: “Morar no Benfica não é simplesmente morar, é habitar um privilegiado estado de espírito!” E como! É preciso se ir até lá ao amanhecer de um final de semana, deixando-se ir preguiçoso por entre as barracas da feira livre, sentindo, um a um, os extratos, cheiros emanados das frutas, verduras e afins expostos nas bancadas de madeira que, de tão velhas, certamente guardam histórias de décadas e décadas de sol, chuva, sorrisos e saudades. Chuva que no Benfica cai e se torna cheiro de amor, vida e pena de morrer.
Ventos quentes de verão não têm vez por aquelas bandas. Sombras de altas castanholeiras e imponentes benjamins amenizam a sede física e espiritual dos amigos – gerações e gerações deles – mesinha de bar tranqüilo, cerveja gelada no copo, músicas na altura certa para amenizar dores de amores. E que não nos venham estacionar as ruas os famigerados “carros-bomba” com seus infernais aparelhos de som, milhares de watts despejados sobre tímpanos sensíveis. Afinal, pelo que sei, porta-malas foram criados para guardar objetos, inclusive, claro, malas. Não! Que não venham os donos dos “carros-bomba” tentar infligir aos do quieto Benfica uma prática que parece buscar suprir – através da potência eletrônica de seus autofalantes – suas carências por dotes mais avantajados ou desempenhos sexuais menos pífios, se é que me faço entender. Isso não permitiremos, como tantas vezes já não permitimos.
E que a saudade de tua estrutura atual, Benfica de guerra, nunca se torne verdade, jamais se aplicando a você as sábias palavras do eterno mestre Sânzio de Azevedo: “Quando um homem perceber mudanças nas ruas pelas quais há tempos caminha, ou começar a lembrar de coisas que já não mais existem, ele estará ficando velho... E sábio”. Quero ficar velho te vendo igual, não por teimosia do idoso chato que provavelmente serei, mas por conhecer, assim como uns outros poucos felizardos que te habitam, certos segredos de tua geografia. Geografia esta que perdeu, no último novembro, a casa de Moreira Campos, demolida e devorada que foi. Virou estacionamento o solo doméstico e cultural que por tantos anos foi pisado pelo maior contista cearense de todos os tempos. Casa que também serviu de abrigo a uma menininha que, sem medo de rotulações, decidiu por seguir os caminhos do pai famoso: Natércia Campos, amiga tão cedo retornada ao seio de Deus. Natércia, ironicamente a autora do já célebre romance A Casa. Ironia das ironias.
Ante esses rompantes de pseudo-modernidade, meu Benfica de Epicuro, Benfica de quintas tão aprazíveis, só me resta sonhar-te tempos melhores, onde a silenciosa revolta de teus habitantes e a História deste Ceará quase sem memória se encarreguem de dar conta dos dias que virão, ceifando as asas capitalistas que hoje sobrevoam teu casario desguarnecido.
_____________________
Túlio Monteiro é escritor e crítico literário.
13 de agosto de 2010

PARTICIPE DA 1ª ANTOLOGIA DE CRÔNICA, CONTO, POESIA
INSCRIÇÕES: 01/07–03/09/2010
Lançamento: 30/10/2010

Bem, se todo cronista tem o direito de passar a vida chafurdando seu próprio umbigo, como se todos nós leitores estivéssemos muitíssimo interessados nele, acho que, como projeto mal acabado de escrevinhador de província, também tenho o direito de fazer certas digressões sobre uma parte do meu corpo não tão nobre: O Dedão do Pé Direito, ou melhor, sobre a Unha do Dedão do meu Pé Direito.
Explico antes, o dedão do meu pé direito não é uma parte do corpo tão desprezível assim, pois quando criança e adolescente me deu destaque no futebol como um bom batedor de “bicudo” (coisa que pouquíssimos jogadores de futebol foram capazes, mais recentemente só o artilheiro Romário conseguia bater com maestria de bico de pé). A ponto de ter sido apelidado de “Pedro Bicão”, tamanha a facilidade pra bater na bola com essa esquecida parte do corpo, e, diga-se de passagem, com direção e força. Sempre consegui botar a “redonda” onde queria com o bico de pé.
Mas, descambando dos 40 rumo aos 50, ultimamente o velho bico de pé voltou à sua costumeira insignificância, tendo como tarefas mais nobres furar meias, segurar linha de anzol e uma que outra topada. E esquecido do glorioso dedão ia eu em viagem para Fortim, perto de Aracati, onde o rio Jaguaribe adentra o mar, quando uma criança se trancou no banheiro do ônibus, e fui eu tentar salvar o barulhento pimpolho. Final da cena que não quero lembrar, o garoto livre e eu com a unha entre a porta do banheiro e o carpete do piso. Dor intensa, unha de imediato pretinha de sangue pisado. Uma dor insuportável, uma vontade de urinar nas calças, um manquitolar de volta pra minha poltrona. O dedo todo preto, dormente por um tempo e doendo muito em seguida. Nada de gelo para pôr no local.
Chegando ao destino a decisão de não estragar o passeio por tão “simples” acidente. Aguentei a dor, travei os dentes e fiz de conta que não era nada. Fomos, criançada barulhenta, família desorganizada e eu (triste) atrás para a costumeira barraca de praia (graça a Deus quase vazia). Lá pus o pé sobre um tamboretinho de madeira e fiquei assoprando de longe, lágrimas pra cair no canto do olho. Foi quando seu Dadá (marido de Joana, a barraqueira amiga de muitos anos), jangadeiro experiente, percebeu a arrumação e deu o diagnóstico de unha perdida, sem jeito, e aproveitou e passou o primeiro de uma série de remédios usados por mim nesta saga pelo alívio da dor: “Tinta de Caneta!”... “Como?”, perguntei incrédulo. “Tinta de Caneta! Seca e depois cai!!!”, e foi logo providenciando a dita Bic azul sem tampa e com a metade avariada pelo uso... E lá me vi eu, enquanto crianças faziam castelos de areia, adultos descosturavam caranguejos, riscando pacientemente a minha dolorosa unha do dedão do pé direito. A companheira pondera, como tentando aliviar o ridículo da cena, que talvez seja verdade, pois a violeta genciana usada em ferimentos e machucaduras era também azul.
O dia passado a custos não deu o alívio esperado para a noite, agora a maldita unha latejava. Fomos ao hospital da cidadezinha, sexta à noite, sem médico (uma vergonha que já virou hábito: uma criança com falta de ar tentava desesperadamente chorar e não conseguia, um enfermeiro inutilmente tentava dar um jeito), me mandei prum hospital particular em Aracati, espera (o médico jantava, ou cochilava, ou não sei o quê...), uma olhada rápida sem levantar da cadeira, um antiinflamatório na receita. Saí puto em direção à farmácia.
O alívio do remédio permitiu dormir em paz, no dia seguinte (glorioso sábado de um sol maravilhoso) a dona da pousada vaticinou novamente: “Vai cair”... “É bom pôr um pouco de água quente de noite pra desinflamar”... Mas como conseguir água quente, bacia adequada para um banho-maria de alívio? Fui desta vez para a foz do rio e caminhei pacientemente em direção ao encontro com o mar, o dedo já inchado, luminoso e saindo uma gloriosa secreçãozinha pelo canto da unha. Sentei numa pedra e enfiei o pé na água salgada, cobri com um pouco de alga marinha. Fiquei me lembrando da infância, quando passávamos frequentemente por problemas parecidos e até piores, simplesmente jogávamos um pouco de terra em cima (quem foi criança e nunca usou este infalível método?) e pronto.
Mais uma tarde de capengado caminhar, sem querer admitir batalha perdida. Acompanhando a custo a turma feliz que ganhava a praia, a praça. De noite consegui um pouco de água morna, que de pouco adiantou. O retorno adiantado pra Fortaleza, a esperança do alívio imediato com a volta pra casa. Ledo engano. Mas agora a higiene demorada, a água quentinha três vezes ao dia. Quarta a ida a outro médico, que se admirou da infecção e passou antibiótico, comprimido pra dissolver na água quente e pomada noturna. Nada disso deu resultado! Uma semana depois novo e fortíssimo (e caríssimo!) antibiótico! Uma semana depois o vaticínio: Uma pequena cirurgia pra extrair a unha! A simples notícia já me foi bastante dolorosa, porém seria enfim o alívio... Engano, antes uma bateria de exames de sangue (suspeitavam de diabetes, causando a demora da cicatrização), continuando o tratamento passado antes pra desinflamar...
Hoje completou três semanas de sofrimento e já começo a contar os minutos pra extração da unha (prometi a mim mesmo que a pintarei de novo de azul e a pendurarei no pescoço, em promessa até o fim do ano). Antes já experimentei pelo menos uns quinze remédios diferentes, passados pelos amigos, familiares, curiosos... Ontem fui a uma benzedeira no final do Montese, que garantiu que não demorará a cura.
De bom apenas a solidariedade geral: o atencioso chefe na repartição me deu dois dias de folga (e contou um caso idêntico vivido por ele), minha mãe fez chás e liga todo dia, em casa uma vida de rei, todos olhando pra mim com certa pena. Na rua tratava de manquitolar um pouco mais, o passante olha e põe a mão na boca com espanto. Descobri que (como disse Nélson Rodrigues, mas atribuindo a frase a Otto de Lara Rezende: “O mineiro só é solidário no câncer!”) todo cearense é solidário com unha bichada!
Aprendi muito de medicina caseira, da convencional também. Esta semana fui ao consultório de um muito bom médico e boa gente, Dr. Veras, que recentemente perdeu três dedos do pé por conta de uma simples infecção na unha, nas complicações da diabetes. Ele me prestou solidariedade, aprovou com elogios o tratamento passado pela minha irmã médica Rute, e me receitou paciência, que não extraísse a dita cuja, não fizesse mais um trauma no meu já tão sofrido dedão do pé direito.
Bom, mais de três semanas de sofrimento, dor, raiva, paciência, automiseração, ainda padeço do problema, e agora mesmo, enquanto completo esta mísera crônica, feliz por ter passado a manhã olhando de vez em quando pra unha sequinha e desinchada, percebo um filetinho de secreção bem no canto dela, que curiosamente ainda tem resquícios da tinta azul do primeiro remédio.
P.S.: Também preocupa que já começo a me acostumar com o problema, e ontem à noite me flagrei bolando uma maneira de, assim que sarar, machucar outra unha, só que desta vez do dedo mindinho do pé esquerdo...
Pedro Salgueiro é escritor e funcionário público. Publicou alguns livros de contos (O Peso do Morto, O Espantalho, Brincar com Armas, Dos Valores do Inimigo e Inimigos), um de crônicas (Fortaleza Voadora). Tem no prelo um panorama do conto fantástico no Ceará (O Cravo Roxo do diabo) e um livro de contos curtos (Movimento Esperado).
Jornal O Povo – 13/08/2010
9 de agosto de 2010
por Nirton Venâncio

Minh’avó alterou a lei da física:
Teimosa, não se dava conta de toda essa carga

Pedro Salgueiro
6 de agosto de 2010
4 de agosto de 2010
Literatura é coisa séria. Expressa conceitos, opiniões, sentimentos, histórias. Há também o lado jocoso, em algumas ocasiões beirando o extravagante. Abordagens do famoso Febeapá – Festival de Besteiras que Assola o País, do incomparável cronista Sérgio Porto sob o alter ego de Standislau Ponte Preta, são bons exemplos de uma peculiar seriedade. Mas não é o caso de uma das resoluções do II Congresso de Escritores, Poetas e Leitores do Ceará, evento realizado há uma semana em Fortaleza. Os nossos, digamos, “expoentes das letras”, pariram uma piada que merece entrar para o vasto anedotário do Estado. Na terra do humor, os “escritores, poetas e leitores” reunidos naquele, também digamos, sodalício saíram crentes de que podem rivalizar com personagens como Didi Mocó, Tiririca, Rossicléa, Raimundinha, Zé Modesto e outros. E decidiram “Encaminhar para a Fifa a sugestão que o símbolo da copa de 2014 seja um chocalho”. Não se sabe o que futebol tem a ver com isso, mas uma coisa é certa: uma das formas do chocalho é a do objeto que se põe no pescoço de bichos.
Chocalho e vaquinha
Se os nossos criativos escritores quiserem mesmo enviar a brilhante sugestão à Fifa, o endereço é Fifa House 11 Hitzigweg, 8030 – Zurique, Suíça. O telefone é + 41 – (0) 43 227-77-77. E fazer uma vaquinha nem será penoso: a tarifa dos Correios para correspondências de 300 gramas – uma idéia assim não pesa mais do que isso –, em envelope grande, custa R$ 14,75. Mas pode levar 15 dias para chegar lá.
Artigo publicado no Diário do Nordeste, 31/07/2010. Caderno 4/ política.
27 de julho de 2010
21 de julho de 2010
17 de julho de 2010

PROGRAMAÇÃO
DIA 23 DE JULHO DE 2010 – SEXTA-FEIRA
17:00h- ÚLTIMAS INSCRIÇÕES NO LOCAL DO CONGRESSO.
18:00h- CREDENCIAMENTO E ENTREGA DE MATERIAL.
18h50min- LEITURA E APROVAÇÃO DO REGIMENTO DO CONGRESSO.
19:00 h- ABERTURA OFICIAL .
SALVA DE CHOCALHOS.
PALESTRA
HOMENAGEM PARA RACHEL DE QUEIRÓS.
POR: FALTA CONFIRMAR O PALESTRANTE.
PALESTRA
HOMENAGEM PARA JOSÉ SARAMAGO
POR: LINHARES FILHO: Poeta, Escritor,Professor-Doutor e membro da ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS e do CONSELHO DE EDUCAÇÃO DO CEARÁ.
ENCERRAMENTO: 22h
DIA 24 DE JULHO – SÁBADO 08:00
MESA REDONDA: PALESTRA/DEBATE
TEMAS: PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE LEITORES
-O LEITOR COMO CONSTRUTOR DO ESCRITOR, DO POETA E DA LITERATURA CEARENSE;
-A INSERÇÃO DE OBRAS DE AUTORES CEARENSES NAS ESCOLAS PÚBLICAS E PARTICULARES DO CEARÁ;
PARTICIPANTES: PROF. AURIBERTO CAVALCANTE;
PROF. ALAÉCIO FLOR
PROF. EDMILSON TORRES;
PROF. PAULO PAIVA;
PROF. PINHEIRO;
URIK PAIVA.
09:00h- O COMPLEXO DE IRACEMA NA LITERATURA CEARENSE: O APAGAMENTO DO ESCRITOR PELO LEITOR .
POR: CARLOS GILDEMAR PONTES (Fortaleza, 1960), professor de Literatura na Universidade Federal da Paraíba, estreou em livro em 1982, com Reflexos. Em 1988 seu conto “Miragem” obteve o 2.º lugar no 1.º Prêmio Literário Cidade de Fortaleza. No gênero conto publicou A Miragem do Espelho (1998).
10:0h-INTERVALO
10h20min -A HISTÓRIA DA LITERATURA CEARENSE, CONTADA ATRAVÉS DOS PRINCIPAIS MOVIMENTOS CULTURAIS DO CEARÁ.
POR: BATISTA DE LIMA: Poeta, Escritor, Professor Universitário, Crítico Literário, Membro da Academia Cearense de Letras e do Conselho de Educação do Ceará.
11h30min-DEBATE SOBRE A LITERATURA CEARENSE.
12H30min-INTERVALO PARA O ALOMOÇO.
13h30min-MOMENTO ARTÍSTICO.
14:00H-DEBATE- MESA REDONDA: POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A CULTURA DO CEARÁ PARTICIPANTES:
-SECRETARIAS DE CULTURA DO ESTADO E DE FORTALEZA;
-PRESIDENTES DAS COMISSÕES DE CULTURA DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA E DA CÂMARA MUNICIPAL DE FORTALEZA;
-PRESIDENTE DA FRENTE PARLAMENTAR DE DEFESA DA CULTURA DO CEARÁ.
15h40min -INTERVALO
16:00h- O MERCADO EDITORIAL NO CEARÁ
POR: LUIS-SÉRGIO SANTOS: Professor, Escritor, Jornalista, Editor da Revista FALE! E Diretor Da OMINI Editora.
-PROFISSÃO: ESCRITOR E POETA
PARTICIPANTES:
-HAROLDO FELINTO - PRESIDENTE DA ACE - ASSOCIAÇÃO CEARENSE DE ESCRITORES;
-A COOPERATIVA DOS ESCRITORES E POETAS DO CEARÁ: PELOS ESCRITORES FRANCISCO PAIVA LIMA E AURIBERTO CAVALCANTE.
-O MERCADO EDITORIAL NO CEARÁ ;
-A EDIÇÃO DE LIVROS EM PEQUENA QUANTIDADE
-DIREITOS AUTORAIS
PARTICIPANTES DA MESA REDONDA:
- REPRESENTANTES DE EDITORAS;
-REPRESENTANTES DE ESCRITORES E POETAS PRESENTES AO EVENTO.
18:00h-ENCERRAMENTO
-MOMENTO ARTÍSTICO;
-LANÇAMENTO DE LIVROS.
DIA 25 DE JULHO DE 2010 - DOMINGO
-DIA DO ESCRITOR 08:00h
-DEBATE: MESA REDONDA: A LITERATURA CEARENSE E A MÍDIA NO CEARÁ
PARTICIPANTES:
O ESPAÇO VIRTUAL COMO SUPORTE E O USO DE NOVAS MÍDIAS
-O LIVRO ELETRÔNICO
-“O BLOG E A INTERNET;
POR ELIOMAR DE LIMA: Professor, Jornalista, Radialista e Blogueiro; http://blog.opovo.com.br/blogdoeliomar/
AURIBERTO CAVALCANTE – Professor, Jornalista, Escritor, Poeta e Blogueiro; http://auribertoeternochocalheiro.blogspot.com/ http://grupochocalho.blogspot.com/
TIAGO VIANA: -Publicitário e Blogueiro. -http://www.rastreadoresdeimpurezas.org/- http://grupochocalho.blogspot.com/
LUIZA AMORIM
-ALAÉRCIO FLOR: - http://alaercioflor.blogspot.com/
LYMA NETTO: - http://lymanetto.blogspot.com/
ALANNA CAVALCANTE:- http://alannamoreirac.blogspot.com/
PEDRO SAMPAIO: - http://chegaprasomarmeupovo.blogspot.com/
OUTROS BLOGUEIROS FORAM CONVIDADOS MAS AINDA NÃO CONFIRMARAM. BLOGUEIROS PRESENTES AO EVENTO PODERÃO PARTICIPAR DO DEBATE.
10h10min-INTERVALHO
10h30min-RESOLUÇÕES DO CONGRESSO
-ELABORAÇÃO DA CARTA DO LICEU ( OU OUTRO NOME DECIDIDO PELA PLENÁRIA DO CONGRESSO.)
-APROVAÇÃO DE MOÇÃO, ETC...
12:00H -HOMENAGENS AOS ESCRITORES: - DESTAQUE CULTURAL 2010
01-ABRAÇO LITERÁRIO - SESC
02-AIRTON MONTE;
03-ALANE - ACADEMIA DE LETRAS E ARTES DO NORDESTE
04-CARLOS AUGUSTO VIANA;
05-FERNANDA QUINDERÉ;
06-LÚCIO ALCÂNTARA;
07-LUSTOSA DA COSTA;
08-PEDRO SAMPAIO;
09-RODOLFO SPÍNDOLA;
10-UBIRATAN AGUIAR.
DIPLOMA AMIGO DO CHOCALHO
01-ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS;
02-ALEXANDRE PEREIRA;
03-DEMITRI TÚLIO;
04-INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ARTEFATOS PLÁSTICOS - IBAP;
05-LINHARES FILHO;
06-ROBERTO MOREIRA;
07-TV CEARÁ;
08-TV DIÁRIO;
09-TV O POVO;
10-TV VERDES MARES;
OBJETIVOS GERAIS DO CONGRESSO:
-O maior objetivo do Congresso é congregar o máximo de Escritores, Poetas e Leitores, que atuam nas mais diversas atividades liberais e partilhar as angústias e as esperanças comuns para publicar, editar e conquistar Leitores;
-Congregar os que atuam no cenário das Letras, é preciso atrair Leitores e Editoras para se interessarem por autores novos, e também publiquem os veteranos;
-Conhecer, Propor e Participar da elaboração das Políticas Públicas Culturais dos Governos: Federal, Estadual e Municipal;
-Assegurar aos Escritores e Poetas a efetiva participação nos eventos Oficiais da Cultura no Ceará;
-Exigir prioridades condizentes com a realidade da Cultura Cearense, antes de importar modelos culturais milionários do Primeiro Mundo;
-Abrir " janelas " virtuais e reais para mostragem do Produto: LITERATURA CEARENSE.
MAIS INFORMAÇÕES: PROF. AURIBERTO CAVALCANTE 91 42 31 95
10 de julho de 2010

Cidade,
Mundo de cimento.
Sacada do sétimo andar.
Mínima liberdade.
Lá em baixo, hortas de luzes:
Veículos, placas luminosas,
Semáforos mil.
Em tudo, competição humana.
Humanos que regressam
No brotar da noite,
Depois da fila, do horário cumprido.
Lá em baixo, o suor, a sede,
A ânsia de chegar imperam.
Do sétimo andar,
Junto-me ao caos:
Ao sistema habitacional,
Ao custo de vida,
A fome exposta,
A democracia.
Do sétimo andar,
À noite retorna-me desfechos do dia
No meio de tudo, defronto-me com indignações:
Protestos em preto-e-branco e coloridos
- Pichações sobre os muros
Ainda aquecidos.
9 de julho de 2010

O Prêmio, na ordem de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais), foi anunciado pelo secretário da Cultura do Estado, Auto Filho, pelo secretário da Casa Civil, Pedro Castelo, pela coordenadora do Programa Pacto Social Pelo Livro (Secult), Karine David, e pelo Presidente da Academia Cearense de Letras, Pedro Henrique Saraiva Leão, entre outros 15 integrantes da Comissão de Análise e Seleção do Prêmio.
O recurso destinado para o Prêmio Literário para Autor (a) Cearense é o maior, em todo o Brasil, disponibilizado exclusivamente à Literatura e objetiva a democratização no acesso aos recursos do Tesouro Estadual para a produção de obras de autores (incluem-se todos os profissionais inseridos nas cadeias criativa e produtiva do livro, como escritores, revisores, diagramadores, gráficos, ilustradores, capistas, designers etc.) e editores radicados no Ceará, incrementando assim a produção editorial, por compreender a atividade editorial como integrante do processo de desenvolvimento cultural do Ceará.
Em reconhecimento à originalidade, criatividade, qualidade intelectual e técnica de seustrabalhos, dentre outros aspectos e critérios estabelecidos em Edital, 110 (cento e dez) projetos estão classificados e devem receber recursos, a título de Prêmio, que variam entre R$ 4.285,71 (a maior parte das categorias, com exceção de Selo Editorial, Revista Literária/Cultural e Livro de Arte) e R$ 2.857,14 (também a título de Prêmio para a categoria de Reedição).
Os contemplados receberão, de acordo com as propostas editoriais apresentadas e analisadas pela Comissão, o direito de publicar, no mínimo, 1.000 (hum mil) exemplares dos títulos selecionados, destinando 40% da tiragem às bibliotecas do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas, divulgando a produção cearense a todos os municípios do Estado do Ceará.
Com caráter inédito e ousado, o Prêmio recebeu 317 (trezentos e dezessete) inscrições, o que prova que existe uma demanda criativa e editorial que merece toda a atenção.
A Comissão de Seleção do Edital foi composta por 15 membros escolhidos conforme sua competência profissional, incluindo críticos literários, professores universitários, personalidades destacadas no meio literário e no mercado editorial.
Ao todo, foram inscritos:Prêmio Caetano Ximenes Aragão, de Poesia inédita - 67 obras
Prêmio Jáder de Carvalho, de Romance inédito – 13 inscritos
Prêmio Moreira Campos, de Conto inédito – 31 inscritos
Prêmio Milton Dias, de Crônica/Memórias inédita – 23 inscritos
Prêmio Rachel de Queiroz, de Literatura Infantil e Juvenil inédita - 45 inscritos
Prêmio Alberto Porfírio, de Literatura de Cordel inédita – 8 inscritos
Prêmio Otacílio de Azevedo, de Reedição – 47 inscritos
Prêmio Eduardo Campos, de Dramaturgia inédita – 13 inscritos
Prêmio Braga Montenegro, de Ensaio e/ou Crítica literário inédito – 9 inscritos
Prêmio Guilherme Studart de Ensaio sobre Tema Cultural inédito - 33 inscritos
Prêmio Luiz Sá, de Álbum em Quadrinhos inédito – 10 inscritos
Prêmio Manoel Coelho Raposo, de Publicação de Selo Editorial – 4 inscritos
Prêmio Edigar de Alencar, de Publicação de Revista Literária/Cultural – 4 inscritos
Prêmio J. Ribeiro, de Publicação de Álbum/Livro de Arte – 10 inscritos
Maiores informações: 3101.6790/3101.6794 (Tamyres) ou http://www.secult.ce.gov.br/
3 de julho de 2010
1 de julho de 2010
UM DOS ORGULHOS DA ALMECE
Por Francisco Bernivaldo Carneiro
Sócio–Efetivo Cadeira nº 79 da Almece, representando o municipio de Jaguaretama.
Atire-me o primeiro Best seller que lhe cair às mãos, o leitor que nunca se deparou com um livro e, súbito, a própria curiosidade não se conteve com um simples folhear. Eu, por exemplo, diante de Odisséia em Ulisséia não sosseguei enquanto não o consumi da primeira orelha à contracapa.
Era uma empatia que crescia a cada página lida, uma identificação que me remetia às primeiras vezes que transcendi os limites fronteiriços deste país. A crônica, Recado da Embaixada de meu Satirizando o Cotidiano narra duas destas situações: em Lima–Peru/ 1986 e cerca de quatro anos depois em Buenos Aires/ Argentina. A primeira por conta das estripulias do Grupo Terrorista Sendero Luminoso e o consequente “Toque de Recolher” então vivido por aquele país banhado pelo Pacífico; o segundo, por eu – em território platino – ter revelado não morrer de amores pelo então governo Collor.
E das torpezas e parvoíces de mentes desocupadas... Mente desocupada, oficina do diabo – já dizia Lutero... Voltemos ao livro. Pois bem, decorridos quase seis anos de sua viagem, Vilma Matos nos brinda com Odisséia em Ulisséia. Uma belíssima obra que, com muita propriedade, eterniza os bons e os maus momentos vivenciados pela autora em terras do Além-mar. Uma viagem que transcendeu, em muito, a missão oficial. Uma vez que sua incumbência eram duas performances poéticas como declamadora. Sendo a primeira no lançamento de uma Antologia Poética de língua portuguesa em que ela, Vilma, era um dos 67 autores. Vez que em outros eventos culturais e reuniões familiares em Lisboa e circunvizinhanças, Vilma foi bem além, na Arte de Camões. Mostrou aos lusitanos um pouco mais de seu talento literário, voltou a recitar sua virtuosa declamação e compôs novas peças. Assim como exerceu o que é uma marca registrada do cearense: O bom-humor, a amizade, a hospitalidade...
Por fim, ressalte-se uma vez que é oportuno: foi tomado por uma premonição que antecipava tudo isso, que naquele 18.10.2009 não dei bolas para minha firmada rotina dos domingos. Deixando de lado os dois livros que eu lia por aqueles dias: A Origem de Minha Vida e Confieso Que He Vivido, autobiografias, respectivamente, de Barack Obama e Pablo Neruda; sequer lembrei-me do Esporte Espetacular, não tive olhos para o sono da digestão do almoço, nem tampouco assisti ao clássico Palmeiras versus Flamengo. Melhor assim: Não amarguei em tempo real a derrota de meu “Verdão” para o “Rubro-negro” do Presidente Lima Freitas. Posto que, literalmente dominado por sua magia, praticamente de um fôlego só devorei Odisséia em Ulisséia.
29 de junho de 2010

Poetisa, pedagoga, professora, graduada em letras pela UFC, atualmente é estudante de direto na UNIFOR e cursa especialização em língua portuguesa e literatura brasileira na UECE.
Vi o reflexo da tua nudez
por alguns segundos.
Teu corpo inteiro, moreno,
Ficou eternizado naquele momento.
Enquanto se refrescava naquela noite quente,
Eu vislumbrava-te por uma cortina transparente.
E delirava a todo instante,
Com pensamentos atordoantes.